quinta-feira, 23 de abril de 2015

"Antes de iniciar o tratamento com a fisioterapeuta, tentei TODOS os tipos de alternativa para “fugir” de uma fisioterapia"


Boa dia meninas!
Hoje trago um depoimento, de uma paciente muito querida que ainda está em tratamento, mas já com grande evolução... 

Essa paciente assim que soube do vaginismo, descobriu que uma das opções de tratamento era a fisioterapia. Porém ela se sentia bastante insegura e assustada de imaginar como seria o tratamento. Portanto ela tentou vários caminhos para fugir da necessidade da fisioterapia.

Vejam o depoimento lindo e emocionante :

 


"Apresento- me como terapeuta ayurvédica, terapeuta floral, reikiana, vagínica.

Enquanto terapeuta ayurvedica nem tudo sei, diante do grande volume de informações. Ainda sou aquela que estuda, que pesquisa, que se dedica, que questiona, que aprende.

Enquanto especialista em floral de Bach, de florais filhas de gaya, minas e flor de íris posso afirmar que sei um bocado.

Enquanto vagínica, sou doutora.

Ninguém além da portadora do vaginismo, do psicólogo especialista em sexualidade e vaginismo e do (a) fisioterapeuta especializada em tratamento urofisiológico e mais especificamente em vaginismo, compreende a complexidade desse distúrbio.

Antes de iniciar o tratamento com a fisioterapeuta, tentei TODOS os tipos de alternativa para “fugir” de uma fisioterapia em que teria que “enfiar”, perdoem- me o termo grosseiro, qualquer objeto num canal que nem cotonete, nem vento passava.
Como católica, minha formação primeira, fui à todas as missas do domingo, fui batizada, fiz primeira comunhão, fui crismada e casada com as bênçãos de um padre. Ah! E perdi as contas de quantas Romarias participei.
Como espírita, a minha primeira alternativa foi submeter- me ao tratamento de passes, cirurgia espiritual (não uma, mas muitas), desobsessão, anti- goécia, Evangelho no Lar semanalmente e tudo o mais que me foi proposto numa infinidade de centros kardecistas e de umbanda para tratar o que poderia ser um companheiro desencarnado a aborrecer- me e atrapalhar- me o caminho ou cura do períspirito ou cura do meu karma.
Dança do ventre, círculo de mulheres, Yoga, Biodanza, dança cigana, bambolê, hidroginástica, sagrado feminino foram as atividades escolhidas para ajudar a soltar meu corpo, a ser mais solta, a aceitar a minha natureza sexual, a soltar os músculos que teimavam em travar durante o ato, a ter consciência do meu corpo, a liberar a sexualidade.
Terapia de regressão com a maior autoridade em terapia regressiva no país, como forma de compreender porque trazia nessa existência esse distúrbio, a vivenciar a origem do trauma e entrando em contato com ele, desbloquear o trauma repressor.

Terapia do Fogo Sagrado e Thai Yoga Massagem, terapias xamânicas para o mesmo fim da terapia da regressão.
Terapia Reiki para desbloqueio dos chakras.
Acupuntura, shiatsu, drenagem linfática.
Constelação familiar, técnica psicoterapêutica alemã que permite localizar e remover bloqueios do fluxo amoroso de qualquer geração ou membro da família.
Cromoterapia.
Florais de Bach.
Florais Filhas de Gaya.
Florais australianos.
Florais de Minas.
Florais Flor de Íris.
Promessa para Santa Rita de Cássia.
Promessa para São Francisco de Assis.
Promessa para Cosme e Damião.
Muita conversa com Deus.
Muito choro em igreja e qualquer capela que entrasse.
Muito choro nos pés de Cristo.
Choro de soluçar e depois dormir de tanto chorar.
Todas as massagens ayurvédicas: Abhyanga, Shirodhara, Pinda Sweda, Terapia dos marmas, Pedras Quentes, Kati Basti, Hridaya Basti, Garshana, Udwartana. Todas essas massagens que ajudam no meu processo terapêutico. Dieta anti- ama a cada troca de estação, alimentação de acordo com meu dosha, uso de óleos e sigo religiosamente o meu dinacharya.
3 psicólogos que nada entendiam de vaginismo (um até sugeriu muito abertamente ao meu marido que trocasse de mulher, porque afinal, eu já estava sendo acompanhada por ele há seis meses e não tinha conseguido, era por culpa minha ora essa, eu era desinteressada na minha cura!).
1 psiquiatra que dopou- me com bup e olcadil e disse que isso me deixaria mais leve.
Uso de vinhos tintos, brancos, rosé; Tequila; Champanhe; Cachaça. Só whisky que não.
Minhas três casas, motel, os mais caros e bonitos hotéis de muitos lugares dentro do Brasil e fora dele.
Incensos, com clima, sem clima, apaixonada ou não, com os mais lindos homens, com o amor da minha vida.
O maior investimento financeiro da história.
Por que não massagem perineal?
Por que não pompoarismo?
Por que não contrair e abrir a vagina?
Por que não fazer a ruptura cirúrgica do hímen?
Colocar o dedo? Jamais.
O OB? De jeito nenhum.
Copinho coletor? Muito menos.
Porque tudo que se relacionasse a colocar sozinha ou com a ajuda do meu melhor amigo e parceiro na vida era desesperador.
Porque tudo que se relacionasse com sangue, furada e dor era mesmo desesperador.
Porque tudo está mesmo... na cabeça...
Parece fácil, o coração quer desesperadamente, o cérebro e a musculatura dizem: Não, não, não.
É muito mais complexo que podemos supor.
É controlar mente; Coração; Perna; Vagina; Prisões psicológicas impostas por nós mesmas e pela sociedade e pela família; Esquecer traumas; Superar o medo do futuro desconhecido, que envolve o medo de pegar doenças sexuais, de gravidez, de ginecologista... e tudo isso junto... é muito mais complexo que podemos supor.
Às vagínicas que conseguem comprar os kits dilatadores e fazem sozinhas em suas casas são verdadeiras heroínas e maduras (em minha opinião), já li muitos relatos, mas que só pioravam o meu estado e que faziam que eu me sentisse ainda mais anormal, mais covarde e mais frustrada.
Custei a entender que cada caso... um caso.
Todas as outras terapias alternativas foram essenciais na minha caminhada, para que eu conhecesse a mim mesma e adquirisse coragem para enfrentar mais tarde a fisioterapia uroginecológica.
Mas só a fisioterapia não resolveria o que estava na mente e no coração. Precisava tratar também o emocional com um sexólogo. E só o sexólogo não dava coragem suficiente para realizar os tais exercícios de: Colocar um dedo, depois o ob, depois...
A religião, a família, eu mesma, a primeira ginecologista sem nenhum tato, os responsáveis para a disfunção que trago desde que eu... nasci?
O vaginismo existe em mim desde que me entendo por gente. Não existe desde que conheci meu marido, existe desde muito antes, quando nem tinha começado a namorar, desde que era criança.
Compreender na terapia psicológica, como ser filha adotiva, como ser filha de uma mãe considerada prostituta (por ter sido mãe solteira), por ter sido levada ao ginecologista com 5 anos de idade ( por ter desenvolvido nessa idade pelos pubianos) e ter sido praticamente estuprada durante a ação do exame pela ginecologista e enfermeiros que seguravam- me, para que eu deixasse fazer o exame; Entender como a pressão familiar para que eu não namorasse cedo e não “me entregasse” antes do casamento, para que eu não engravidasse antes da hora; Compreender como ter estudado em rigorosos colégios de freiras toda a vida com sua educação moral de castidade bem imposta contribuíram para enraizar uma disfunção tão bem escondida, que nos faz sentir únicas, “ets” num mundo onde todo mundo parece viver no mítico universo de 50 tons de cinza, menos você.
Tratar todos os traumas: Religioso, moral, afetivo, sexual, familiar era pois, muito necessário.
E ainda mais necessário enfrentar e desmitificar o que parecia o maior monstro de sete cabeças chamado fisioterapia pélvica com profissional que passa pelo afeto, que entende de compaixão, de doçura, de psicologia amorosa, de fala mansa, de fala firme (para não ceder aos nossos medos de enfrentamento), que entende de como passar segurança e do quanto é importante honrar com a palavra do que promete, como a minha fisioterapeuta Fernanda Pacheco, especialista que conhece todos os sintomas fisiológicos e todos os tipos de dramas que se passam em nossa mente e em nossa vida e que entende muito em como proceder nessa fisioterapia, foi e ainda é fundamental para assegurar a minha cura.
Não existe milagre mesmo nessa área...
Lendo alguns blogs sobre vaginismo, achei um que  ensinava a fazer a massagem perineal com os dedos... “Geralmente a massagem é mais eficiente quando feita com o companheiro.” Diz no blog!
Parei aí. Achei por demais de equivocado, que só quem tem mesmo vaginismo entende. Só de ler nos revira o estômago e dá a famosa sensação de agonia.
Se fácil fosse para meu marido colocar vossos dedinhos, deixava- o enfiar seu pênis logo e não precisaria pagar nem o terapeuta, nem a fisioterapia.
Não há nada na literatura ayurvédica, não há nenhuma terapia alternativa que resolva tal problema. Posso garantir, que o que há na ayurveda e em todas as terapias alternativas é o auxílio eficiente para o relaxamento do corpo e da mente. Mas nada próximo o que a fisioterapia e a psicoterapia podem realizar juntos.
Perdoem a longa carta, é que não teria outro modo de explicar o meu ponto de vista, com toda complexidade que esse assunto exige.

Paz e Bem!"

Querida, em breve estarei postando aqui o seu depoimento de cura... Foi um presente enorme te conhecer! E fico muito feliz em ver a sua rápida evolução! Em breve você terá um bebezinho lindo para providenciar (rsrs).

Meninas entenderam o recado da paciente? A cura não vai cair do céu! É preciso encarar de frente o vaginismo e buscar pelo tratamento adequado o quanto antes.

Hoje ela está na fase final do tratamento, com pouco mais que 10 sessões de fisioterapia. Espero que esse depoimento possa emociona-las como me emocionou.

Beijo grande
Dra Fernanda